Não me posso queixar, até tenho conseguido dar umas boas
escapadinhas de bicla. Este domingo comecei a volta à saída da Marinha Grande,
logo ali onde a mata nacional começa. Ir de Leiria a pedalar por uma estrada
cheia de trânsito já não é para mim. Não estou para isso: as tangentes são
demasiado assustadoras e faz-me pensar na minha filha, que quero continuar a
ver durante muitos e bons anos. Foi por essa razão que vendi a bicla de
estrada. Sim, continuo a ter de pedalar na estrada, mas agora é só para fazer a
ligação com os trilhos.
A previsão meteorológica indicava uma aberta na manhã e o
regresso da chuva às 13:00 horas. Não fui logo em direcção a São Pedro de Moel.
Segui um trilho para norte, rumo à estrada que vai para Pedreanes e só aí virei
para oeste, com a ideia de ir até ao Poço dos Ingleses.
De vez em quando ouvia o roncar das motas a abrir pelos
trilhos. Há quem critique estas actividades nas matas, mas, na verdade, são as
motas e os 4x4 que mantêm muitos trilhos abertos e limpos. Depois da tragédia
que aconteceu aqui no ano passado, deveríamos relativizar o efeito que estes
veículos têm na mata. Já tive uma mota e um 4x4, e também andava por aqui com
eles – as saudades são muitas. A certa altura, passo por um grupo de motas, abrandam e eu afasto-me: gostamos todos de andar por aqui e todos nós desejávamos que estivesse tudo mais verde.
Não compreendo como é que o ICNF criou uma série de entraves ao evento Pinhal das Artes,que levou ao seu cancelamento em 2016.
Há vida nas matas! Que pegada é esta? Tem pelo menos uns 7
ou 8 cm. Será de um javali? Ou de um daqueles veados que se soltaram de uma
quinta perto da Nazaré, quando foi o grande incêndio de Outubro?
São assim as marcas deixadas por quem pedala com uma única
uma mudança. A areia estava tão mole que mesmo com mais velocidades também
teria de caminhar. Prevê-se ainda mais chuva. Portugal agradece.
Ainda com o pó da prova do Juncal.
Tenho umas botas (ou serão sapatos?) de Inverno. Será que precisava disso? Até tinha umas capas de sapatos de neoprene. Talvez até não necessitasse, mas é aborrecido enfiá-las e como são abertas em baixo, acabam sempre, mais tarde ou mais cedo, por meter água... Este ano investi nuns sapatos à prova de água, e vento. Construídos com uma membrana de Gore-Tex da marca Northwave: os Raptor GTX. Parecem umas botas, mas na verdade são sapatos, uma vez que acima do calcanhar já só tem uma manga de neoprene, o que permite uma grande liberdade de movimentos. Tenho-os utilizado nas saídas deste Inverno e posso dizer que realmente resultam: nada de frio, mas também nada de condensação dentro dos sapatos. Utilizo-os com umas meias de lã merino, também da Northwave, e a membrana Gore-Tex permite mesmo que os pés respirem sem que entre água para dentro dos sapatos. Já tinha tido boas impressões destes sapatos, mas nada como comprovar por experiência própria.
A sensação de estar num lugar tão especial, por não termos
ninguém à nossa volta, é única. Aqui e ali já comecei a ver vida. Há pinheiros
que já não vão recuperar, mas há outros que sim. Gostei de ver que, em algumas
zonas, já cortaram o que tinham a cortar, mas não indiscriminadamente, porque
no meio dessas árvores ficava uma ou outra de pé e com alguma caruma verde. Mais umas pedaladas e mais umas passadas com a bicicleta à mão e estou na ciclovia que vai para a praia da Vieira. Não queria ir logo para São Pedro de Moel, por isso mais à frente torno a virar para leste, para passar numa subida de pedra que existe antes de chegar à Ponte Nova. Depois segui por estrada até à praia Velha. Esta estrada tem estado cortada desde os incêndios e está cheia de ramos e folhas.
Depois de um café em São Pedro de Moel, tomo a direcção da Marinha Grande. Mais uma vez, não vou pelo caminho mais curto e torno a ir pelos trilhos. Não sei bem por onde vou, mas tenho uma relativa noção de onde fica o Este.
Começa a chover na recta da ciclovia que me leva ao carro. Depois de arrumar bicicleta, a chuva já cai torrencialmente. São 13:00 horas.
Hoje concretizei uma vontade que tinha há algum tempo: participar numa prova com a bicla single speed.
Foto de Jorge Nunes
A prova escolhida foi a Resistência de 3 horas do Juncal, por diversas razões. Uma delas era a prova ser organizada por pessoal que conheço há 10 anos. Foi com eles que partilhei aqueles trilhos fantásticos que existem entre o Juncal, Montes, Alcobaça e Porto de Mós. Entretanto deixei de morar naquela zona e a ligação com eles perdeu-se, por isso gostava de os rever.
Foto de Jorge Nunes
Quis também fazer esta prova porque não tinha uma grande altimetria e a distância por volta não era muito grande, 5 quilómetros, o que para mim era importante, porque sendo curta, conseguia manter-me motivado pela rápida passagem pela zona de meta. Quem já fez provas em circuito sabe do que falo. O percurso estava muito bem conseguido, com estradões para as ultrapassagens e singles com muitas curvas.
Há quem diga que detesta andar às voltas. Compreendo que pode não ser muito motivante, mas, como tudo, depende do que queremos valorizar. Uma coisa que me agrada nos circuitos é que, ao passar repetidamente numa determinada parte mais difícil do circuito, posso tentar melhorar a técnica e velocidade na passagem nesse segmento. Bem... Isto, no meu caso, aplica-se às descidas, porque, em relação às subidas, nesta prova aconteceu o inverso...
Foto de Jorge Nunes
Arranquei com dois colegas do trabalho que pouco depois deixei de ver. Um deles, o Mário, só o voltei a ver na última volta, mesmo a chegar à meta, quando me alcançou. Quanto ao Carlos, só o vi no final, já no carro. Em tom de brincadeira, disseram que o objectivo deles era alcançar-me: um deles conseguiu. Mas tendo em conta a desproporcionalidade da minha bicicleta, com 1 velocidade (32x19) para 11 (32x11/42) das bikes dos meus colegas, confesso que achava que essa passagem ocorresse mais cedo e por mais vezes.
Quanto à prova propriamente dita, correu bem. Nas primeiras 3 voltas consegui fazer todo o circuito a pedalar, as seguintes já tive de fazer duas subidas a pé. Sabia que tinha de andar, só não sabia quanto nem quando. Nunca me esforcei demasiado, porque sabia que com o decorrer da prova o cansaço iria aparecer e foi isso que aconteceu. Nas duas últimas voltas, passei a fazer a pé 3 subidas, uma mais longa do que as outras. Foi nessa altura que as cãibras apareceram – quando voltava a montar na bicicleta, pedalava com menos força na perna afectada e "pedia ajuda" à outra.
Para comer durante a prova, não trouxe nada dessas coisas da "nutrição desportiva". Na primeira volta ainda senti o pequeno-almoço na barriga, mas depois a coisa compôs-se. Aproveitei as subidas que fazia à mão para comer uns amendoins com sal, passas e tâmaras. Ao passar pela meta comi uns cubos de marmelada e ia enchendo o bidon com água e coca-cola.
Foto de Marco Belo
No que toca à bicicleta, esteve quase tudo bem. Depois da terceira volta baixei a pressão do pneu da frente. Havia umas curvas em que os pneus eram postos à prova. Depois dessa alteração, deu para descer um pouco mais depressa sem perder tracção. Foi a primeira vez que fiz, com esta bicla, mais variações de terreno do que as ligeiras subidas que tenho feito no pinhal de Leiria. O quadro da Trek Superfly Pro SL é fantástico, parece uma suspensão total mas com uma precisão incrível. Também estou contente com a relação 32x19 em prova.
O ritmo também foi mais forte e isso repercutia-se na forma como pedalava. Notei que depois de um momento em roda livre, quando voltava a pedalar, havia um intervalo entre a força que fazia para baixo e o momento em que a força era transmitida à roda. Uns dias antes, tinha visto um vídeo a falar na conversão de um kit de 18 para 54 dentes no rachet das rodas DT Swiss. Esta modificação faz com que haja um intervalo menor na transmissão da força para a roda, o que em subidas mais técnicas e exigentes para as pernas até dá jeito.
Foto de Karine Constantino
2018 já está a ser um bom ano de pedaladas, não tanto pelos quilómetros, mas pelo gozo que tenho tido nas voltas que vou fazendo. Já estou a pensar numa maratona, mas tenho estado tão longe destas coisas que nem sei o que há por aí agora. Falaram-me na Rota da Chanfana, talvez seja um bom desafio.
Os dados da Prova:
Inscritos:128
Classificação Final:106
Quilómetros por volta: 5.2km
Altimetria por volta: 114mt
Voltas do mais rápido:14
Voltas dadas por mim: 9
Quilómetros totais: 46.8km
Altimetria total: 1031mt
Serra e muita pedra na companhia de dois amigos do pedal num dia cheio de sol com muitas subidas e melhores descidas. Assim foi este domingo.
Grande entusiasta da cenas radicais o André pedala sempre à procura daquela pedra que dê para dar um salto.
Este rapaz é o Rafa, tem uma bicla da Decathlon e dá-lhe mesmo bem nas descidas. Não tem, ao contrário de mim, medo nenhum quando tem de descer uns trilhos mais complicados. A bicla não o acompanha o seu andamento e já no regresso o eixo da frente rebentou, o que obrigou a um regresso quase a andar a pé.
O André ainda tem câmara-de-ar atrás e desce como se estivesse na Enduro World Series... Resultado: Furo! Parece que é só o pneu morrer e a conversão a tubeless
será concretizada muito brevemente.
Volta pequena mas sempre boa até à Curvachia. Foram duas subidas e casa. A lama era muita o que dificultou as subidas, mas o dia estava soalheiro.
Já tenho um espigão telescópico, é usado e não funciona da melhor maneira, mas deu para perceber que realmente a condução em descida muda drasticamente para melhor. Não tenho muito jeito para descidas muito técnicas por isso este espigão veio mesmo a calhar.
Um destes dias falo nas alterações que tenho feito nesta bicicleta.
Como às vezes gostaria de ter mais uns dentes para acrescentar a estes 42... Na verdade 42 dentes é suficiente, mas quando aparece uma subida mais longa e com muita pedra, torna-se mais difícil. Quando comprei esta cassete ainda não havia muitas com 46 dentes... Agora só há uma coisa a fazer, ganhar mais força nas pernas.
Ao fim de três meses sem pedalar, saí. Estava hesitante entre fazer-me às subidas e descidas por pedra molhada e lama (com a suspensão total) ou dar uma volta maior ao longo do rio Lis (com a single speed). Esta paragem levava-me a ser razoável, por isso optei por não me alargar muito, nem em tempo nem em distância. Estou à porta de casa, pronto para sair: uma inspiração mais profunda, um clique do pé no pedal e arranco em direcção ao Lis.
Uma foto aqui, uma foto ali e depois de ziguezaguear no meio de tantas poças, estava na praia da Vieira. Tudo muito fácil - se voltasse agora, seria como uma das outras voltas. Mas hoje precisava de mais, sentia falta deste movimento forçadamente cadenciado que é pedalar. Queria esticar a corda, ir um pouco mais além.
Depois de tanto tempo parado (e não falo só dos últimos três meses), tinha vontade de fazer mais do que tenho feito. E, por esta ser a primeira volta de 2018, pus-me a caminho do Pedrógão e da Lagoa da Ervideira. Eram só mais uns quilómetros, mas os suficientes para me sentir já a fazer mais qualquer coisa.
O tempo fechado, com uma chuva miudinha e aquele nevoeiro escuro no fim da recta enorme em direcção à praia do Pedrógão fez-me sorrir por dentro. À primeira subida ligeiríssima, uma ameaça de cãibra. Já estava a contar com isso, e pus-me em pé sem forçar. As pernas só precisavam de mudar de posição. Consigo ou não consigo fazer isto sem grandes esforços?
Uma pedalada a seguir à outra e lá estava na lagoa. Meio objectivo cumprido, faltava voltar.
Pequena pausa para beber água e comer mais uns frutos secos e já estou de novo a pedalar. A sensação do regresso põe-me num lugar bom.
É altura de escolher o caminho de volta. Há alternativas, mas não as estudei, por isso não arrisquei. A areia molhada dava-me vontade de me enfiar neste ou naquele trilho, obrigando a orientar-me, mas o bom senso manteve-me na ciclovia até à praia, onde voltei para os caminhos nas margens do Lis.
Fiz 75 km, uma distância maior do que o maior percurso que tinha feito em 2017, que foi de 60 km. Não foi nada de especial, mas para quem tem estado tanto tempo parado, pedalar quatro horas e meia e acabar a sentir-se bem, já é motivo para algum contentamento. Será que farei 100 km este ano, com esta bicla? Quem sabe... O que interessa agora é que as pedaladas de 2018 começaram bem.
Hoje às 18:00 fui dar mais uma volta com o António.
Mais uma vez as praias foram o destino.
À saída de São Pedro de Moelcruzamo-nos com um grupo, seguimos com eles, afinal eram conhecidos do meu colega de volta. Andar em grupo implica andar na roda, foi o que fiz. Sem problemas, estou-me a habituar a isso, mas...
... a determinada altura, um deles levantou-se e...
... por pouco, quase que lhe tocava na roda!!!
Tive a sorte de ir nos drops com os dedos nos travões, hábito do btt... Já tinha lido sobre isto na net, aconteceu hoje.
* Tinha isto nos rascunhos do blog há anos. Publiquei hoje 5 de julho de 2018.